quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Sem!




Senti
mental
mente
Te
Amo!
                      
                                



                                                            Amauri Jr.

Oprimido.













Sei de tudo
Que não posso saber;
E temo tudo
Por meu viver;
Por isso nada,
Nada ouso dizer,
Prefiro sozinho viver,
Que em conjunto morrer.





Amauri Morais.

Ideal.




...

Nem mesmo o ideal
Do sonho se resolve
mas neste mundo
de santos e demônios
nem só de poesia
vive o homem
Quem me dera que vivesse.
Ao valsar em palavras
de máfia marginal
sem sorte, com arte
ideal

!
                                                               




                                                                                                  Amauri Jr.

domingo, 21 de fevereiro de 2010

Doentio.

Enquanto insistirmos em escolher
Representantes que insistem em falar,
E Nada de ação, melhoras escolhem fazer
Vamos tentar ser o que posso sonhar.

Árduo sono faz-nos, quem se ama, velar;
Seguirmos tendo de lágrima fria verter.
Perder teu, meu sonho num astro irregular,
E nosso sangue de remorso hei de novo ferver.

Sorte de louco desvairado em seu padecer,
Que ninguém acredita ter algo para nos melhorar.
Hoje ser louco é saído de um mundo de perverter,
Melhor viver a loucura de que ter de fraquejar.

Enfim, melhor a bagunça de crianças espelhar,
De que em uma bagunça de um mundo doente permanecer.
Este tudo que obriga-me mais que nada a pestear,
Faz-me também toda imundice de agora tecer.





                                             Amauri Morais.

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Esta vida

















Um sábio me dizia: esta existência,
não vale a angústia de viver. A ciência,
se fôssemos eternos, num transporte
de desespero inventaria a morte.
Uma célula orgânica aparece
no infinito do tempo. E vibra e cresce
e se desdobra e estala num segundo.
Homem, eis o que somos neste mundo.

Assim falou-me o sábio e eu comecei a ver
dentro da própria morte, o encanto de morrer.

Um monge me dizia: ó mocidade,
és relâmpago ao pé da eternidade!
Pensa: o tempo anda sempre e não repousa;
esta vida não vale grande coisa.
Uma mulher que chora, um berço a um canto;
o riso, às vezes, quase sempre, um pranto.
Depois o mundo, a luta que intimida,
quadro círios acesos : eis a vida

Isto me disse o monge e eu continuei a ver
dentro da própria morte, o encanto de morrer.

Um pobre me dizia: para o pobre
a vida, é o pão e o andrajo vil que o cobre.
Deus, eu não creio nesta fantasia.
Deus me deu fome e sede a cada dia
mas nunca me deu pão, nem me deu água.
Deu-me a vergonha, a infâmia, a mágoa
de andar de porta em porta, esfarrapado.
Deu-me esta vida: um pão envenenado.

Assim falou-me o pobre e eu continuei a ver,
dentro da própria morte, o encanto de morrer.

Uma mulher me disse: vem comigo!
Fecha os olhos e sonha, meu amigo.
Sonha um lar, uma doce companheira
que queiras muito e que também te queira.
No telhado, um penacho de fumaça.
Cortinas muito brancas na vidraça
Um canário que canta na gaiola.
Que linda a vida lá por dentro rola!

Pela primeira vez eu comecei a ver,
dentro da própria vida, o encanto de viver.






                    Guilherme de Almeida

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Ser agora o que não fomos antes.

















Somos reféns do nosso próprio egoísmo;
Reféns de uma natureza impura.
E toda dor que está em devir
Mais é inflamada com a vontade de não senti-la.
E desde sempre estamos entregues
A essa sorte de cão que nos foi restringida.
Mais uma aberração nos estende as garras,
De insensíveis que somos aceitamo-las.
Distantes do equilíbrio que almejamos
E destruindo o que nos faz felizes.
A abolição de todos os fantasmas
Há de demorar muito enfim.
Então vivamos entre eles
Fingindo de ser feliz
Abraçando e dando saudações aos nossos algozes,
De todas as saídas essa é a mais fácil
E ridícula que nós decidimos.






                                                 Amauri Morais.

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Viver!

















Qual como flor que desabota em beleza,
E ao penetrar do sol no oeste do mundo,
Despede-se de sua delicada fineza,
Também sofremos demasiada tristeza.
Estalamos nossa alvorada, sol ao fundo.
Mas dispersamos os sentidos sem destreza,
Ao falarmos de desfalecer, contudo.
Mas me vale todo sofrimento à delicadeza
De uma vida embaixo de sete palmos de tudo.

Agradeça o ar que enchem de vida seus pulmões,
O amido que nutre seu corpo e alimenta a alma.
Viva suas veias repletas de sangue e orações.
Despreze o asilo, mas não destroce toda calma.
Serene suas lembranças e destaque suas emoções.
Acorde em jardim de rosas vermelha e alva.
Mesmo basta-se viver em ti coração valente,
Derramando a lágrima de uma dor ausente.





                                           Amauri Jr.

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Extenuante!

Tonitruante é a voz de quem assombra
A mente inquieta de um marginal,
Que inquieta mais à mente de sombra.
O céu ainda obscuro, outro vendaval.

Cada vez mais me ataca a misantropia;
Abusam-me todos os que fazem sermos
Seres infames que crêem em utopia.
E iludem ao ponto de pensarmos termos.

Não inflamem meu terno de outrora.
Agora me vejo ante a escuridão,
E espero o novo brio da aurora.
Feito-me sede de quem tem coração.

Saciar este arranhão que força a garganta,
Que seja mais forçado que o de outrem.
E faz-me deduzir qual seja a tarântula
Que me ousa a apanhar o próximo trem.





               Amauri Morais.

A Saudade das Folhas.

Sobre o banco ancião, junto às árvores tortas,
venho sofrer o outono da alameda.
Há um ranger enervante e bom de folhas mortas
na paisagem finíssima de seda.
E estende-se a meus pés a tristeza de tudo
que fui, que foste, de que sou, do que és...
E as árvores também têm, no chão de veludo,
a saudade das folhas aos meus pés...

 



                        
                                    Guilherme de Almeida. 

Contentamento!
















O sentir me abala o pensamento;
Ser o que não sou, meu lamento;
Ter o que não tenho meu sentimento;
Rasgar-me o sentido teu tratamento.
Perfil de força mesmo no tormento.
Fácil noção de nada alargamento.
Entre tudo que me retém afinamento.
Desde sempre, ontem não fomento.
Verta a lágrima desfale seu sofrimento.





                 Morais Oliveira.

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Entretenimento!






















Não te vejo e não me vejo atento:
O som que empunha meu tempo;
O som que adormece o lamento;
O som que trás consigo o vento.

E tudo todo mundo já contento,
E em todos nada vale meu intento,
E meu mundo é meu melhor invento.
E nada abala esse nosso tormento.





     Morais Oliveira.

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Tudo no nada.

          Vi vendo-se que os olhos que afeiçoam a afeição de quem se ama, não afeiçoam outros olhos, a não ser os da afeiçoada!
          E ter-se contigo é ter-se comigo; tendo tudo no nada, quando não mais poder ter, ainda tenho-me meu amor, que perpetuará no cosmo. Lembro de ti, face terna, sempre que fecho os olhos; alguns tantos nos separa muito poucos, que mesmo em minutos teu peito me acalenta. Mas sinto-te em mim, sempre, pois a pureza de teus votos me recompõe a alma, me lampeja a vida, e me fortalece o meu, teu, amor.
          Vi-me, vendo-te ao meu lado, meu Amor.






 Amauri Jr.