quarta-feira, 30 de junho de 2010

Quando os Sentimentos são Sentidos.






















I

No penhasco;
A um passo do nada, ou de um tudo.
A um segundo de uma nova vida,
Ou a poucos de acabar com a última que me resta.

Sem ninguém, o frio não me aperta o peito
Mais do que esta solidão covarde;
Nem me azucrina a mente, esta imagem,
Mais do que esta incerteza sórdida.

Meu pensamento está em ti,
Mas não posso vê-la deveras,
Quem me dera ao menos poder-te sentir
Em meu corpo uma vez mais.

II

Preciso de ajuda.
Alguém que me dê a mão à salvação,
Ou um leve empurrão à destruição.
Só não me deixe sucumbir à luz da lua.

Posso sentir muito, se me houver vida ainda;
Posso saber muito, se me for banido da falsa realidade.
Mas um prazer eu guardo, seja qual for meu futuro:
A certeza de que meu sentimento é, ou foi puro e verdadeiro.

A brisa me banha o rosto,
O suor frio me desce um arrepio na espinha.
A incerteza ainda me inclina:
Vida ou morte; razão ou coração.

III

Meus sonhos ainda eu guardo.
Se tiver meus sonhos não devia nada temer;
Todavia esta visão impõe horror.
E cada vez que meu olho recai para baixo deixo de sonhar.

Adormeço em meu torpor.
As lembranças batem-me tentando me despertar.
Quase sem sono, mas fraco,
Quase dormindo...

Nem os meus piores pesadelos
Tiraram meu juízo.
E esta cena me assusta:
O que me faz lembrar minha condição de humano.

IV

Quando nos deparamos com a face da morte
Sentimo-nos assim:
Sem defesa;
Entregues a qualquer esperança.

E quando já não resta nenhuma:
Definhamos!
E o pranto alheio ferve o nosso pensamento.
Agoura nossa, possível, outra vida.

Sempre de flores e gracejos nos cobrem.
Quando em vida não o fazem;
Só resolvem quando se vêem sem nós;
Ao saber que não mais terão com a gente.

V

Mas pretendo esquecer tudo;
Renovar minhas forças
E deixar apenas boas lembranças
De mim.

Digo isto; porém não tenho certeza,
Meu futuro não mais me pertence.
Estou entregue ao primeiro estranho
Que resolver me estender as mãos.

Uma rosa!
Vejo em uma precipitação de rocha.
Talvez esteja, meu delírio, me enganando de novo,
Ou talvez seja mesmo uma saída.

VI

Lancinante tento alcançar a rosa.
Aquele orvalho lenitivo caia sobre mim;
Em um assomo toquei-a,
Esquecera-me de seus espinhos.

Meu dedo voltou com sangue;
Mesmo que tenha sido pouco.
Desenhou-se em minha mente:
O belo também fere!

E, às vezes, bem mais do que o excêntrico;
Que doravante nos atina a calma.
Parece o frio sempre aumentar,
No mesmo passo de minha esperança diminuir.

VII

Fiquei aparvalhado!
Quando lembrei como trataram meus ideais.
Jogaram-nos no lixo, pior:
Pisaram-nos, e a mim espancaram.

Queria por fim em tudo.
Mas minha força não permitia.
Temia muito mais por quem me amava
Do que a mim mesmo!

Quimeras!
Refiz todas elas à procura de uma realidade.
E vendo a realidade
Desisti de buscá-las.

VIII

A este ponto devo está mais alvo
De corpo;
Pois a mesma lua que me branqueia o corpo
Entreva-me a Alma.

O coração parece querer pular,
E a razão ficar e esperar.
Nenhuma pessoa me aparece:
São poucos os que ajudam nestas horas.

Nenhuma certeza;
Todas as dúvidas;
Muitas perguntas;
Nenhuma resposta!

IX

Tudo o que fiz me vem à mente:
Todas as aventuras, minhas falhas,
Meus amores, minhas desilusões,
Quem me odeia quem me ama...

Nenhuma recordação,
Eu me esqueci de recordar.
E nada de mão amiga...
E nada de uma resposta, uma saída...

Estou da cor da asa de um pombo,
Por fora;
E da cor da asa de um corvo,
Por dentro.

X

Vejo que permanecerei aqui
No mais não tardar de meu fim...
Cheio de incertezas...
Indefeso...

Sem ajuda...
Entre a falsa esperança
De um dia conseguir...
Ferido...

A quem me ama,
Quando eu morrer,
Imploro por tudo o que é sagrado
Que não me matem, em seus pensamentos...










Morais Oliveira.

sexta-feira, 18 de junho de 2010

Sonhe.



Não durmas à quem espera o amanhecer de ti!






Amauri Jr.

Meu Amor.




Mais solto do que ar,
Rebelde do que o mar;
Menos singelo do que o pensamento,
Imune a nenhum tormento;
Mais sincero do que o vento:
Um sopro de desejo
Guiado pelo segredo
De tremer o lábio
Em frente ao outro lábio
Que invade, domina.
Meu amor é assim:
Tão grande! Tão simples!
Sou nobre, mas renego meus troféus
Transformo-me em plebeu aos teus pés!








Amauri Jr. 

Eu era...




Não devo satisfação a ninguém deste mundo.
Deixo-o como, e quando, quiser.
A quem chora por mim?
Um dia hão de cessar suas lágrimas.
Aos que me guardam na lembrança?
Suplico que não a apague,
Mas, consolem-se, pois, vivo ainda,
Mesmo que seja em seus pensamentos.






Amauri Morais.

Quem ama: muda!





Não se ama o que se quer amar;
O inesperado faz parte de tudo.
A façanha de aprender a gostar
De outro gosto que feria o querer.
Querer um querer que não dava prazer;
Ter o que não se queria ter sem nada perder;
Amar é: sentir, renovar e, acima de tudo, Amar.







Amauri Jr.

Homem.



Somos fracos, pois procuramos dormir
Pensando em um sonho,
Uma nova aurora poder existir;
Para acordar risonho,
Sem ser, nem querer, só poder possuir.






Morais Oliveira.

Amor: Humano: Fraco: Amor.




No sentido de amar:
Enganei-me;
De errar:
Acertei-me;
De fazer:
Desconsertei-me;
De magoar:
Magoei-me.
Novamente tentei amar
E, vi que para amar, primeiro:
Amei-me!







Amauri Jr.

Ferida.






Sentido ao lume que me corta,
Dois gumes têm o punhal,
O corte é profundo: fere não só a palma,
Mas os dedos são os mais atingidos.
Renego meu renome, prefiro sentir.
Um só sentido e dois sentimentos;
Nenhuma escolha, pois este luxo
Não faço questão de ter.







Amauri Jr.

Saudade.



A comida não tem o gosto,
Nem o cheiro que tanto atrai.
O ar bombeia o sangue nos pulmões,
E só.
Estuporado, assim que me sinto!
Preciso de ti, ao menos, te sentir.
Este ar não dá a vida que eu quero,
Preciso de teu ar,
Fazer de dois, um respirar.








Amauri Jr.