sexta-feira, 30 de julho de 2010

Depois da tempestade.






















Já é passado
O tempo tempestuoso;
Dentro em pouco
Abrirá nossos primeiros
Antigos...
Novos...
Raios de sol!









Amauri Jr.

quarta-feira, 28 de julho de 2010

Não dura a eternidade...




















Poderia te dar o mundo, e mais mil coisas.
Mas estas coisas têm vidas passageiras,
Passam mais rápido do que nossas próprias vidas.
Devido a efemeridade destas coisas vãs
Achei por melhor não destiná-las a ti.
Pois mesmo que elas durem certo tempo,
Possam está por aí, vivas, quando tu já estarás inerte.
Matéria: eis o que somos, e o que posso te dá.
E ela não perpassa a eternidade.
Nem ao menos chega a um ínfimo instante de sempre.
Então tomei outras resoluções.
Resolvi te dá algo que carregues para sempre.
Mesmo que te vá cedo de nossa peleja infame.
Dar-te-ei meu amor, não o esqueça.
Peço-te, mais: suplico-te.
E não Será de maneira furtiva como dantes;
Será de vera, límpido, que todos possam vê-lo.
Não me julgue pelo meu estado lôbrego,
Penso melhor assim.








Amauri Jr.

terça-feira, 27 de julho de 2010

Reencontro.









         Antes que minha lágrima venha a cair teu dedo acalenta-a; fazendo-se seu companheiro mais íntimo. E os dois namoram antes dela morrer nos nossos lábios. O seu sabor salgado nem chega a ser sentido no calor do nosso beijo.








Amauri Jr.

segunda-feira, 26 de julho de 2010

Dose ausente.









Quando velastes meu sono pela ultima vez
Irrompeu-se em minha alma o desejo
De fugir.
Todavia, tua palavra persuasiva
Seguraste-me pelo braço.
Foram teus olhos castanhos
Que me arrastaram para fora de minha caverna solitária.
Aliás, o castanho claro dos teus olhos...
Entorpece minha consciência até hoje...
Enquanto ao teu lado haver vida
Estarei contigo.
Segredando o valor dos sentidos...
Não derrame uma lágrima,
Já basta a minha que teu dedo apara.
Sinto-me feliz:
Tenho alguém que pensa em mim...








Morais Oliveira.

Soneto à variedade do Amor II






















Falei de três tipos do Sentimento:
Do Amor que traz infinito sofrer;
Para o sofrimento alheio verter;
E dos que Amam, amando sem lamento.

Há também quem prefere o sofrimento
Escondendo de todos, seu querer,
Até do Amado se faz esconder,
O sentido doendo, sempre lento.

Quem por dois sente, pode padecer.
Sereno é o choro, sofrido é o talento;
Depois só lamento há de tecer.

Tem aquele que despreza um querer;
No entanto sofrem sozinhos, ao alento
Querendo, nos dedos, o querer ter.

 
 
 
 
 
 
 
Amauri Jr.

sexta-feira, 23 de julho de 2010

Quando valia a pena viver...





         


          Saudoso, a lágrima me desce o rosto quando recordo de meus tempos de infância: riso demasiado, felicidade abundante. Naqueles tempos a vida era circo; tudo e qualquer coisa era picadeiro para o espetáculo cotidiano.
          Antes as pipas eram aviões, ou mais, eram espaçonaves, as nuvens eram planetas, e não eram apenas nove que enfeitavam a via láctea. A lei da gravidade? Ela não existia, nem sabíamos do que se tratava. O vento sempre fazia nascerem asas em nossas costas. Passeávamos entre casas e prédios, sem medo de cair, mas sempre tomando cuidado para não findar como Ícaro.
          Uma vida muita próxima dos sonhos. As vontades se escancaravam, assim, sem pudor. A inocência predominava as mentes que se estendiam à emoção somente. A vida parecia mais uma brincadeira infinda, que independia dos valores dos quais hoje valem.
          Tudo era fácil, todos eram bons diante nossos olhos. As batalhas eram feitas para diversão, não para assassínios. Os sonhos eram para serem vividos e não sonhados. As pessoas para serem amadas e não guilhotinadas. A razão não mexia no quanto se podia imaginar e sentir. Volto saudoso, a ver a lágrima descer novamente em minha face ao me lembrar dos meus velhos, bons tempos de criança.









Morais Oliveira.

quinta-feira, 22 de julho de 2010

O Um e o Outro.








Meu leviano sorriso:
Teu honesto desdém.
Leviano sorriso teu:
Desdenhosa honestidade minha.

Caminho forçado meu:
Porta do céu tua.
Teu caminho forçado:
Meu Sumo prazer em caminhar.

Distantes e tão chegados;
Sossego adiado.
Sozinhos:
Forçados!








Amauri Jr.

Resposta.









Sofro por quem amo;
Padeço pela distância;
Encorajo-me pelo Amor,
Mas minhas forças
Sucumbem pelas palavras.

Já não sei se posso ficar...
Preciso ir de encontro
A minha sorte.
Desta vez o agora
Prevalece ao sempre.








Amauri Jr.

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Sentindo.







Nas palavras os pensamentos se desfazem
Já faz muito que não sinto teu afago.
Meus olhos lúgubres sentem tua falta.
Meu ar cansado de ter o que não quero.








Amauri Jr.

De amores...




















E de amores se vou morrendo;
De gostos atrevidos e vontades reprimidas.
De saudade que arrebenta o peito;
Dilacera o sentido procurando o olhar.







Amauri Jr.

sábado, 17 de julho de 2010

A Arte da Palavra.






Sempre tento, muito em vão, escrever o que sinto,
Todavia, nem tudo o que minhas mãos
Perpassam ao papel é o que deveras sinto.
Apenas procuro escrever...
Não me atrevo a denominar-me de algo,
Pois só escrevo o que sinto...
E, quando me acho vazio de sentimentos,
Invento um sentir...
Para poder escrever...







Morais Oliveira.

Culpado.






          Como eu queria te dá a felicidade inefável que tanto fiz juras. Toca-me muito saber que serão em vão meus esforços para tanto. Meu sacrifício de tentar te fazer resgatar a esperança, que perdestes em uma curva, e de súbito, te fez jurar não mais amar, será também em vão.
          Que solidão me acomete a escrever isto. Desde os primeiros contatos me senti perto de uma acolhida segura. Francamente, nós somos mais amigos, do que mesmo outra coisa, antes de namorados... Meu peito dói, quando penso: um dia hei de te deixar e guardar apenas... Lembranças...









Amauri Jr.

Coração.








Nunca se sabe o que se passa
Nas profundezas de um coração.
Que amores, que sangue
Circulam ao ver de certidão.







Amauri Jr.

sexta-feira, 16 de julho de 2010

"Blogagem coletiva: Tempos de Criança"








A lembrança da chuva.


          O sono apressa meus passos até a cama, deito-me. Não demora muito e sou tomado pelo sono. E parece que me passa ser verdade tudo aquilo, eu me lembro bem de tudo. A verdade de uma criança. A sua própria forma de imaginar o mundo.
          Nos meus sonhos mais agradáveis estou agora. Lembrança da chuva. De paz e serenidade que ela traz. A sensação de completude que ela renova. Mas no meu sonho eu era... Criança ainda, que saudade, meus sete anos. Corria sossegado, entre as milhões de gotas que compunham uma parte de minha felicidade. E meus amigos comigo me sendo justos, correndo ao meu lado.
          As poças serviam de mar, o barro de areia, ficávamos a construir castelos que logo eram desfeitos pela força da correnteza da água que descia à rua. As pequenas ruas nem pareciam tão pequenas assim, assemelhavam-se mais a Veneza. O pensamento valia mais do que a realidade. Não tínhamos barcos para atravessar nossa singela e pequena Sereníssima. Era preciso imaginar, e como era bom fazer valer a força do pensamento.
          Mas a manhã não mais tardava, vinha depressa, tão quanto o sono veio. E ainda nos meus derradeiros momentos de alegria sobrenatural, me recordo da imagem: eu correndo, vento frio no rosto que fazia o lábio tremer; pele encharcada também trêmula. Corpo molhado, alma feliz. E o aconchego do leite morno debaixo do lençol quente que me cobria.







Texto em homenagem ao dois anos do Blog de nosso amigo Abraão Vitoriano!







Amauri Jr.

quarta-feira, 14 de julho de 2010

O poeta homem






















Os poetas, através de um filtro, veem o mundo.
Todavia, já me cansa o juízo filtrar a realidade;
Já muito me enfada tecer felicidade.
Transformar em límpido o imundo.

Não adianta mais falar de amores,
Não contenta mais o leitor.
Vi o profano se tornar sedutor.
Sucumbindo os risos e ascendendo as dores.

Deixo estas palavras, por fim,
Nos anos que irão de vir.
Que se lembre, ao sorrir,
De um homem que negou se entregar: de mim.







Amauri Morais.

Coração na madrugada sem o amor.






          Dedico-te meus sonhos mais íntimos. Veja bem o que há de fazer com eles. São bem serenos, umas vezes, outras são como o vento. Revelo-te meus desejos mais secretos. Observe-os e reflita se os pode concretizar. Quero-te como mulher, amo-te como amiga. Tu me queres como homem e me ama como amante. De fim, que não posso mais tardar: entreguei-me como um amor entrega-se; dediquei a realizar meus sonhos contigo. Revelei meus desejos para tu satisfazeres quais poderes. E te amo, tendo teu amor em troca, só mais não posso.









Amauri Jr.

sábado, 10 de julho de 2010

Distante de quem se quer...






Olhos inchados,
                        ... Molhados.
Coração quente,
                        ... Saudoso.
Pensamentos rebeldes,
                        ... Andantes.
Presença ausente,
                        ... Covarde.
Saudade devassa,
                        ... Cruel.
Sonho assaz,
                        ... Real.
Vontades muitas,
                        ... Tantas.
Amor eu tenho
                        ... Sou teu.
                                         ...








Amauri Jr.

Autopsicografia

























O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.

E os que lêem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não têm.

E assim nas calhas de roda
Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama coração.







Fernando Pessoa.

Só.















Tão jovem sou,
E nem sei muito de nada
Nem metade de um fora
Ainda penso,
Mas vivo
Sozinho...









Morais Oliveira.

Por ti.






















Percebo em tua face
Ainda medo
De perder o que era teu
Antes de mim...
Mostro-te meu amor
Transbordando
Sobre tua face...
Tu me mostras teu desejo
Incrustado em teu laço...








Amauri Jr.

Distante...



















Ouço
Rumores
Dos teus passos
E sei que os quero,
Mas andam distantes
De mim...










Amauri Jr.

Dialogo.





Distraído e tomado pelo afeto,
Tua voz no meu ouvido,
No teu ouvido minha voz.
Na minha face o vento
No Céu as Estrelas
A Lua...
No coração uma vontade
No pensamento um desejo.
Cessa tua voz
Num simples te amo, adeus.









Amauri Jr.