sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Dois dias depois...





















Daqui de dentro eu não ouço nada;
Aqui dentro tudo é quente, tudo.
Enquanto lá fora os passos, os risos
Estremecem as almas viventes,
Eu fico cá, inerte.
E a única companhia são os vermes
Que aos poucos decompõe minha carne fresca, ainda.

Dois dias se faz da minha morte.
O mundo prossegue, sem se dá por mim:
Os que, ontem, choravam,
Hoje caminham levianamente.
Aos que ainda me teem um suspiro,
Pois mais fraco que o seja,
Minha guarda eu dou. E o que meu penar os libertem.









Morais Oliveira.

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