sábado, 29 de janeiro de 2011

O Doce Sabor do Sangue.

























A minha mão é a que carrega o punhal;
É a que deflagra o golpe traiçoeiro;
É a que faz quedar o corpo em vida.

O meu corpo é o que traz o sopro frio e sombrio da morte; 
É o que amedronta a sabedoria imperturbável;
É o que mancha de rubro a neve branca.

O meu coração é o que carrega a chaga aberta;
É o que mata por prazer efêmero;
É o que se banha no sangue alheio.

A minha alma é a que visita as profundezas do inferno;
É a que desmorona a avidez glorificada;
É a que edifica o horror de uma morte lenta.









Amauri Morais.

domingo, 16 de janeiro de 2011

Romance

























Este romance que escrevo
A cada dia, a cada página irreverente
Suga-me a hora, a cada tinir da pena,
Minha dor e minha sabedoria inocente.

A minha inexperiência se vê nos capítulos,
Trôpegos e selvagens, iguais os meus sentimentos.
Nas linhas, tantos sonhos e fracassos desolados
Nos fatos e nos acontecimentos.

Cretinos personagens dão infâmia
A minha existência e a minha obra.
Sem sucesso, inerte, com drama, sem fama,
E o escuro da próxima esquina que dobra.

A vida se espalha pelas páginas
Enquanto meu sangue e minha juventude
Vão ressequindo dentro do meu corpo
Que em breve vai ser apenas plenitude.









Morais Oliveira.

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Medieval




















Quando o céu desaba
Sob o tinir da lâmina de espadas
E o zunir de flechas no ar:
Que vibram também no peito guerreiro;
E o rufo dos tambores anuncia
A batalha sangrenta,
É quando o fio da fé sustenta as pernas
E as mãos banem o perigo
Ou encontra paz no campo de guerra.









Morais Oliveira.