quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Começo e Fim.





















Eu não tenho mais fases para cumprir:
Minha infância se foi;
A puberdade, eu se esqueci dela;
Minha adolescência nem vale a pena ser lembrada;
A fase adulta, nem sequer tive.
A minha maturidade apodreceu de tanto usada.
E imagino, tristemente que de toda forma,
Nascendo velho, morrendo célula, antes de embrião,
Nascendo novo, morrendo velho ancião:
- Fim de vida é o que nos espera.
Começo de outra. Será que podemos sonhar?









Morais Oliveira.

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Enfim...




















Não me quero ser por muito tempo.
Esta vida, esta agonia, este sorrir,
Não me azucrinam mais a mente como antes,
Já me dá tédio teu mel em minha boca.

Tuas rosas já mancham de sangue minha mão.
Meu sangue, não mais nutre a vida delas.
O que hei de fazer conosco?
Creio que nem mesmo você saiba.

Dos meus sentimentos eu guardo um lamento;
Dos meus desejos uma vontade ainda se perpetua;
De teus sentimentos, dúvidas, eu não guardo.
De teus desejos nem sei se os realizou.

Somos fortes, mas por enquanto, lágrimas nos olhos.
Esta fraqueza não significa muita coisa.
Fortes, eu sei que tu és nós somos.
E um dia o sorriso de novo banhará nossa face.









Amauri Jr.

domingo, 14 de novembro de 2010

Sexta-Feira























Em dois lugares se fez o meu desejo:
Num, reinava a treva absoluta,
Todavia, ouvia-se vozes, risos, passos
De perto.
Quase em face de nossa face.

Noutro, a luz da lua
Banhava-nos a face,
E continuavam os risos demasiados,
Distantes um pouco.
Mas ainda escutávamos. 








Amauri Jr.

Particularidades
























Que sei eu deste emaranhado de poeira cósmica?
Ou, deste círculo vicioso de água e sal?
Ou ainda, desta minúscula partícula de matéria
Que povoa a Terra?

O homem foi, é e será...
Todas as invenções já conhecidas.
E também dono dos inúmeros segredos
Ainda não revelados.

Mesmo com seu infinito, o universo,
Tem suas particularidades à vista;
O mundo é um livro aberto ao pé
Dos valores hoje vigentes.

O homem é o mistério a ser desvendado;
A pétala que falta a rosa para beatificá-la;
O céu hediondo, vermelho, que há de suar sangue;
E a vida que fervilha em seu sangue onipotente.










Morais Oliveira.

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Da Literatura.






















Da poesia te guardo toda
Remendada de minha força maculada:
Dos Sonetos
Teus olhos tristes
Dos quais me inspiram poesia.
Das cantigas
Teu carinho
Cujo segurança me eleva.
Das décimas
Teu sorriso desordeiro
Que me sufoca.
Das baladas
Teu afago cativante
Que me destroça a calma.

Da prosa
Retomo-te inteira
Refeita de quimeras desatentas:
Do romance
Recordo-me de teu beijo libertino
Cuja fonte de desejo me refresca o prazer.
Dos contos
Lembro-me de tua intemperança
Que me reduz a um amante.
Da crônica
Teu afeto que me transmite vida.
Das novelas
Nossas paixões casuais
Que me cogita saber ter.









Amauri Jr.

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Passos





















Neste caminho de flor e espinho:
A luz dos teus passos sombrios;
Devagar é o teu caminhar.
Enquanto eu fico cá, tentando
Divagar meu sonhar.









Morais Oliveira.

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Dois dias depois...





















Daqui de dentro eu não ouço nada;
Aqui dentro tudo é quente, tudo.
Enquanto lá fora os passos, os risos
Estremecem as almas viventes,
Eu fico cá, inerte.
E a única companhia são os vermes
Que aos poucos decompõe minha carne fresca, ainda.

Dois dias se faz da minha morte.
O mundo prossegue, sem se dá por mim:
Os que, ontem, choravam,
Hoje caminham levianamente.
Aos que ainda me teem um suspiro,
Pois mais fraco que o seja,
Minha guarda eu dou. E o que meu penar os libertem.









Morais Oliveira.

sábado, 25 de setembro de 2010

O Pecado de Amar!


























Se meu corpo cometeu algum pecado
Há de ser perdoado,
Pois, se me tornei vilão
Foi minh’alma que estava banhada de amor.
E quando a gente ama...
Deve-se, pelo menos, ser perdoado.
Os sentidos se desnorteiam sempre ébrios ficamos!
Somos movidos pelos impulsos dos desejos.
E qual é o pecado cometido quando se ama?
Ainda não sei explicar, creio que nunca saberei.

Os dias quentes são refrescados pelas lágrimas
Que caem dos meus olhos;
As tardes de mormaço
Pelas as músicas do Renato;
E as noites pelo romantismo de Byron.
O pensamento distante, tentando te encontrar:
A tradução de “THE RAVEM” na mesa;
Poemas do Gonçalves nas mãos;
E a poesia do Cazuza e do Renato no som.








Amauri Jr.

sábado, 18 de setembro de 2010

Ser Imundo!

























São os teus berros amaldiçoados
Que me inclinam aos vultos negros
Que assombra a mente da criança indefesa.

São teus golpes de sangue pisado
Que arruínam o meu coração machucado
Que transpassastes com a faca traiçoeira.

São tuas feridas fétidas e imundas
Que apodrecem também minha existência
Desatinando meu ser.

São as carniças de teus dentes cariados
Que me enoja até o último fio de cabelo,
Que polui o ar puro.

São as remelas de teus olhos inchados
Que expulsam os bons e honestos
Que iriam permanecer ao meu lado.










Morais Oliveira.

terça-feira, 14 de setembro de 2010

Status Solidão








E bolo na cama
Me agarro aos lençóis
Na coxa azul turquesa
Um cheiro de nós

E dedo na lama
Fulgura nós.
De sangue e dor
Pensando em vós!

Ainda meia-luz
Da porta do banheiro
Fechos os olhos
Não estou inteiro

E como estaria?
Se a tua porta
O meu olho molhado
Traz-te luz morta?

Basta em ti pensar
Cine se abre no teto
És mais que mistério
Um doce pesar

De resto me banho
Em vultos descalços
Nem sombras, nem luz
Só outro alabastro









Abraão Vitoriano e Amauri Jr.

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Versos ao Mar




















O vento soprava vorazmente;
O barulho soava como canções celestiais;
E quando meus olhos saudosos avistaram o mar:
A memória inconsciente,
Os sentidos, sem sentido,
O mar revolto, não tanto como meu coração.
Rompeu-se da alma o desejo atroz
O vento soprava cada vez mais forte.
As ondas se agitavam veloz e ferozmente.
O peito aturdido de angustia
E a pergunta que azucrina a mente
Desvairado feito louco:
Quem é ela?








Amauri Jr.

terça-feira, 7 de setembro de 2010

A Terceira Guerra Mundial









A face negra da morte
Depois da fervorosa explosão
Revela-se num cogumelo cinza:
Tudo agora é laranja!
O vento sempre sopra vaporadas quentes,
E reproduz um assobio assustador.
A fome se vê nas costelas das crianças;
Estendendo as suas mãos em forma de súplica.
A vida se foi com o sopro e o estrondo quente.
E os que ainda “vivem” choram as percas!
E derramam sangue ao invés de lágrimas!









Amauri Morais!

A Terceira Guerra Mundial, por Juvimário Andrelino!





E a ambição no mundo aumentou.
Não se pensava mais em valores, amor ou amar.
Tudo girava em torno do querer PODER.
Ai veio umas explosões: -BUM! BUM! BUM! BUM!

Depois virão enormes cogumelos e nunca mais haverá vida como antes.
Tudo se transformará em cinza. As cores do mundo sumirão e as pessoas também.
Só se enxergará sofrimento e fome
Viver aqui é querer morrer

Porque tudo o que era vida foi transformada em morte








Juvimário Andrelino.

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

A Saudade do Poeta!






          Hoje eu vi uma cena que há muito esperava. Eu vi a lua, com seu corpo prateado, ser engolida por nuvens negras. Esta cena acendeu a chama quase morta que meu coração segredava: a noite estava clara; o vento soprava uma vaporada quente e suave. As estrelas se aglutinavam no céu, a Estrela Dalva brilhava como nunca. E a lua, ah! Como brilhava; seus raios banhavam minha face, deixando trêmulos meus lábios. A lágrima única, não desceu, pois se perdeu entre meus cílios, agora molhados. Aos poucos a deusa prateada ia sendo ocultada; a noite ficando mais fria, sombria, triste. Não tão triste como o meu olhar; procurando entre, as poucas, nuvens brancas, uma que parecesse com teu sorriso tenso, ou teu olhar lúgubre. Tudo em vão. Não encontrei nenhuma que se assemelhasse a ti. E as nuvens brancas que ainda sobraram iam desaparecendo, aos poucos. Até não mais restar nenhuma. Meu rosto, então, recebeu o frescor de minhas lágrimas quentes. E permaneci em pranto desonesto.









Amauri Jr.

domingo, 22 de agosto de 2010

Bálsamo






Nada adianta
Pedistes clemência
Há esta ausência
De alma magoada...








Morais Oliveira.

sábado, 21 de agosto de 2010

Aos Vales Sombrios.



Após a leitura de O Sofrimento do Jovem Werther!





Ainda padece o meu coração
Por ti.
Ainda...
Meu ultimo sopro de vida
Gastarei com o pensamento
Em ti.
Ainda...
Ainda? Melhor falar a verdade
Agora já não basta mentir:
Sempre!
Uma bala; um tiro; liberdade,
Sem mais dor;
Adeus: Mãe, amigos, queridos.
Suas lágrimas me servirão de alimento
No Túmulo...
Já basta. Se não a coragem se esvai.
E tudo,
Não por ti,
Mas por mim:
Meu peito não suporta mais
Tanta angústia...










Amauri Jr.

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Tédio.
























Agora, que me importa mais a paz?
A monotonia de uma vida
Sem aventuras
Apavora-me.
Longas tardes, debruçado em frente ao espelho
Olhando o meu reflexo:
Tédio!
Prefiro sofrer as desventuras dos amores...
Que me arrancam a falsidade!







Morais Oliveira.

O Pássaro!






Sempre fui rocha.
Esperando ansioso o teu delicado pouso,
Para purificar-me com teu toque e,
Lúgubre ficar, com teu vôo.


Vento eu sou agora.
Esperando alcançar tuas asas
Para de novo sentir teu toque,
Quando chegar a ti,
Não mais deixarei que partas!








Amauri Jr.

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Em Silêncio...






















Por que ousas em fatigar minh’alma?
Desviando o olhar para outrem!
Morro de ciúmes! E calo em meu espírito.
Sofro comigo. E não ouço mais:
Eu te amo!
Ainda hoje chorei, mais uma vez só;
Sempre o pranto é o meu canto.
Solitário!
E mesmo por fim, quero o teu querer;
Já não insisto em te esquecer.
















Amauri Jr.

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Torpe.









Sentido
Insano.
Dormindo
O profano;
Rasgando
O pano.









Morais Oliveira!

sexta-feira, 30 de julho de 2010

Depois da tempestade.






















Já é passado
O tempo tempestuoso;
Dentro em pouco
Abrirá nossos primeiros
Antigos...
Novos...
Raios de sol!









Amauri Jr.

quarta-feira, 28 de julho de 2010

Não dura a eternidade...




















Poderia te dar o mundo, e mais mil coisas.
Mas estas coisas têm vidas passageiras,
Passam mais rápido do que nossas próprias vidas.
Devido a efemeridade destas coisas vãs
Achei por melhor não destiná-las a ti.
Pois mesmo que elas durem certo tempo,
Possam está por aí, vivas, quando tu já estarás inerte.
Matéria: eis o que somos, e o que posso te dá.
E ela não perpassa a eternidade.
Nem ao menos chega a um ínfimo instante de sempre.
Então tomei outras resoluções.
Resolvi te dá algo que carregues para sempre.
Mesmo que te vá cedo de nossa peleja infame.
Dar-te-ei meu amor, não o esqueça.
Peço-te, mais: suplico-te.
E não Será de maneira furtiva como dantes;
Será de vera, límpido, que todos possam vê-lo.
Não me julgue pelo meu estado lôbrego,
Penso melhor assim.








Amauri Jr.

terça-feira, 27 de julho de 2010

Reencontro.









         Antes que minha lágrima venha a cair teu dedo acalenta-a; fazendo-se seu companheiro mais íntimo. E os dois namoram antes dela morrer nos nossos lábios. O seu sabor salgado nem chega a ser sentido no calor do nosso beijo.








Amauri Jr.

segunda-feira, 26 de julho de 2010

Dose ausente.









Quando velastes meu sono pela ultima vez
Irrompeu-se em minha alma o desejo
De fugir.
Todavia, tua palavra persuasiva
Seguraste-me pelo braço.
Foram teus olhos castanhos
Que me arrastaram para fora de minha caverna solitária.
Aliás, o castanho claro dos teus olhos...
Entorpece minha consciência até hoje...
Enquanto ao teu lado haver vida
Estarei contigo.
Segredando o valor dos sentidos...
Não derrame uma lágrima,
Já basta a minha que teu dedo apara.
Sinto-me feliz:
Tenho alguém que pensa em mim...








Morais Oliveira.

Soneto à variedade do Amor II






















Falei de três tipos do Sentimento:
Do Amor que traz infinito sofrer;
Para o sofrimento alheio verter;
E dos que Amam, amando sem lamento.

Há também quem prefere o sofrimento
Escondendo de todos, seu querer,
Até do Amado se faz esconder,
O sentido doendo, sempre lento.

Quem por dois sente, pode padecer.
Sereno é o choro, sofrido é o talento;
Depois só lamento há de tecer.

Tem aquele que despreza um querer;
No entanto sofrem sozinhos, ao alento
Querendo, nos dedos, o querer ter.

 
 
 
 
 
 
 
Amauri Jr.

sexta-feira, 23 de julho de 2010

Quando valia a pena viver...





         


          Saudoso, a lágrima me desce o rosto quando recordo de meus tempos de infância: riso demasiado, felicidade abundante. Naqueles tempos a vida era circo; tudo e qualquer coisa era picadeiro para o espetáculo cotidiano.
          Antes as pipas eram aviões, ou mais, eram espaçonaves, as nuvens eram planetas, e não eram apenas nove que enfeitavam a via láctea. A lei da gravidade? Ela não existia, nem sabíamos do que se tratava. O vento sempre fazia nascerem asas em nossas costas. Passeávamos entre casas e prédios, sem medo de cair, mas sempre tomando cuidado para não findar como Ícaro.
          Uma vida muita próxima dos sonhos. As vontades se escancaravam, assim, sem pudor. A inocência predominava as mentes que se estendiam à emoção somente. A vida parecia mais uma brincadeira infinda, que independia dos valores dos quais hoje valem.
          Tudo era fácil, todos eram bons diante nossos olhos. As batalhas eram feitas para diversão, não para assassínios. Os sonhos eram para serem vividos e não sonhados. As pessoas para serem amadas e não guilhotinadas. A razão não mexia no quanto se podia imaginar e sentir. Volto saudoso, a ver a lágrima descer novamente em minha face ao me lembrar dos meus velhos, bons tempos de criança.









Morais Oliveira.

quinta-feira, 22 de julho de 2010

O Um e o Outro.








Meu leviano sorriso:
Teu honesto desdém.
Leviano sorriso teu:
Desdenhosa honestidade minha.

Caminho forçado meu:
Porta do céu tua.
Teu caminho forçado:
Meu Sumo prazer em caminhar.

Distantes e tão chegados;
Sossego adiado.
Sozinhos:
Forçados!








Amauri Jr.

Resposta.









Sofro por quem amo;
Padeço pela distância;
Encorajo-me pelo Amor,
Mas minhas forças
Sucumbem pelas palavras.

Já não sei se posso ficar...
Preciso ir de encontro
A minha sorte.
Desta vez o agora
Prevalece ao sempre.








Amauri Jr.

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Sentindo.







Nas palavras os pensamentos se desfazem
Já faz muito que não sinto teu afago.
Meus olhos lúgubres sentem tua falta.
Meu ar cansado de ter o que não quero.








Amauri Jr.

De amores...




















E de amores se vou morrendo;
De gostos atrevidos e vontades reprimidas.
De saudade que arrebenta o peito;
Dilacera o sentido procurando o olhar.







Amauri Jr.

sábado, 17 de julho de 2010

A Arte da Palavra.






Sempre tento, muito em vão, escrever o que sinto,
Todavia, nem tudo o que minhas mãos
Perpassam ao papel é o que deveras sinto.
Apenas procuro escrever...
Não me atrevo a denominar-me de algo,
Pois só escrevo o que sinto...
E, quando me acho vazio de sentimentos,
Invento um sentir...
Para poder escrever...







Morais Oliveira.

Culpado.






          Como eu queria te dá a felicidade inefável que tanto fiz juras. Toca-me muito saber que serão em vão meus esforços para tanto. Meu sacrifício de tentar te fazer resgatar a esperança, que perdestes em uma curva, e de súbito, te fez jurar não mais amar, será também em vão.
          Que solidão me acomete a escrever isto. Desde os primeiros contatos me senti perto de uma acolhida segura. Francamente, nós somos mais amigos, do que mesmo outra coisa, antes de namorados... Meu peito dói, quando penso: um dia hei de te deixar e guardar apenas... Lembranças...









Amauri Jr.

Coração.








Nunca se sabe o que se passa
Nas profundezas de um coração.
Que amores, que sangue
Circulam ao ver de certidão.







Amauri Jr.

sexta-feira, 16 de julho de 2010

"Blogagem coletiva: Tempos de Criança"








A lembrança da chuva.


          O sono apressa meus passos até a cama, deito-me. Não demora muito e sou tomado pelo sono. E parece que me passa ser verdade tudo aquilo, eu me lembro bem de tudo. A verdade de uma criança. A sua própria forma de imaginar o mundo.
          Nos meus sonhos mais agradáveis estou agora. Lembrança da chuva. De paz e serenidade que ela traz. A sensação de completude que ela renova. Mas no meu sonho eu era... Criança ainda, que saudade, meus sete anos. Corria sossegado, entre as milhões de gotas que compunham uma parte de minha felicidade. E meus amigos comigo me sendo justos, correndo ao meu lado.
          As poças serviam de mar, o barro de areia, ficávamos a construir castelos que logo eram desfeitos pela força da correnteza da água que descia à rua. As pequenas ruas nem pareciam tão pequenas assim, assemelhavam-se mais a Veneza. O pensamento valia mais do que a realidade. Não tínhamos barcos para atravessar nossa singela e pequena Sereníssima. Era preciso imaginar, e como era bom fazer valer a força do pensamento.
          Mas a manhã não mais tardava, vinha depressa, tão quanto o sono veio. E ainda nos meus derradeiros momentos de alegria sobrenatural, me recordo da imagem: eu correndo, vento frio no rosto que fazia o lábio tremer; pele encharcada também trêmula. Corpo molhado, alma feliz. E o aconchego do leite morno debaixo do lençol quente que me cobria.







Texto em homenagem ao dois anos do Blog de nosso amigo Abraão Vitoriano!







Amauri Jr.

quarta-feira, 14 de julho de 2010

O poeta homem






















Os poetas, através de um filtro, veem o mundo.
Todavia, já me cansa o juízo filtrar a realidade;
Já muito me enfada tecer felicidade.
Transformar em límpido o imundo.

Não adianta mais falar de amores,
Não contenta mais o leitor.
Vi o profano se tornar sedutor.
Sucumbindo os risos e ascendendo as dores.

Deixo estas palavras, por fim,
Nos anos que irão de vir.
Que se lembre, ao sorrir,
De um homem que negou se entregar: de mim.







Amauri Morais.

Coração na madrugada sem o amor.






          Dedico-te meus sonhos mais íntimos. Veja bem o que há de fazer com eles. São bem serenos, umas vezes, outras são como o vento. Revelo-te meus desejos mais secretos. Observe-os e reflita se os pode concretizar. Quero-te como mulher, amo-te como amiga. Tu me queres como homem e me ama como amante. De fim, que não posso mais tardar: entreguei-me como um amor entrega-se; dediquei a realizar meus sonhos contigo. Revelei meus desejos para tu satisfazeres quais poderes. E te amo, tendo teu amor em troca, só mais não posso.









Amauri Jr.

sábado, 10 de julho de 2010

Distante de quem se quer...






Olhos inchados,
                        ... Molhados.
Coração quente,
                        ... Saudoso.
Pensamentos rebeldes,
                        ... Andantes.
Presença ausente,
                        ... Covarde.
Saudade devassa,
                        ... Cruel.
Sonho assaz,
                        ... Real.
Vontades muitas,
                        ... Tantas.
Amor eu tenho
                        ... Sou teu.
                                         ...








Amauri Jr.