quinta-feira, 29 de abril de 2010

Filosofia de um perdido!




Cinzas e pó ao meu redor,
Muito mais cinzas, do que mesmo pó;
Envolto nesta pelugem negra,
Insaciável de sangue lânguido,
De meu sangue, que aos poucos desaparece.
Deste árduo e Sumo trabalho
Nem imagino meu sofrer,
E nem posso me dar a esse luxo;
Há tempos meu coração transformou-se em gelo.
Que dirá do calor que falta a aquecê-lo.
Ser o que não sou me veste ao redor de sombras;
Que mais parecem mesmo cinzas, e o pó negro
Cobre-me a face enrubescida de desânimo.








Morais Olveira.

quinta-feira, 22 de abril de 2010

Despedida



Quando se fores de meus braços
Cansados, eu diante de teus olhos,
Pérolas que me deixa de braços debruçados,
Faça-se de mim, farte-se de meu eu,
Pois castigo ou presente não haverá.
Sem trejeitos se ambos de me acabar;
O sonho deitado, calado de ti
Farsante de tudo quando de si,
Aproveite e não me diga,
Pois beijo de fim não hei de dá.







Amauri Jr.

terça-feira, 20 de abril de 2010

Gostar!






Ele aproxima-se suave, lento;
Ela o saúda sem lamento:
Diz cara do meu ser!
Mas guarda consigo o pensamento:
- (Descarado meu ser!).







Amauri Jr.

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Transa!




Minha pele, tua pele;
Meu suor, teu deleite;
Tua saliva, minha perdição.

Teu toque em me sele;
Teu branco em meu leite;
Teu órgão, êxtase, em meu órgão.







Amauri Jr.

Crença




Sei que tua face treme
Diante dos pés divinos.
Mesmo sabendo da tua não empatia
Por aquelas que deveriam ser instrumento de fé;
Sabes que, eu, também tenho apatia
Por aquelas que instrumento de fé deveriam ser.
Sinto em teu olhar o infindo amanhecer
De quem acredita, não duvida
Da existência de um Superior Ser.






Morais Oliveira.

quarta-feira, 14 de abril de 2010

Amor?


Nem sei se findo acreditando no amor,
Se face ao peito entranha infinda dor.
Sórdida farsa, fingindo, ao sono esperar
Para no deleite alheio ir se esbanjar.

Doce que amarga de tanto saborear,
Que da metafísica, eu tento explicar;
Porém, resposta insensata irei obter,
De tanto instante, de noite, à tarde, sofrer.

Crepúsculo, no sono e no amanhecer,
O mais forte no amor nada faz valer.
E nada de sorte ou arte há de tecer;
Bem ou, e, mal seu amado de antes, devir, ter.

Sossegue, nem mesmo os sábios vão explicar
O sentido deste sentimento de ofegar.
Ame, mesmo sabendo que não pode amar.
O melhor de tudo é o sabor do beijo tragar.








Amauri Jr.

sábado, 10 de abril de 2010

Via Láctea


“Ora (direis) ouvir estrelas! Certo
Perdeste o senso!” E eu vos direi, no entanto,
Que, para ouvi-las, muita vez desperto
E abro as janelas, pálido de espanto...

E conversamos toda a noite, enquanto
A via láctea, como um pálido aberto,
Cintila. E ao vir do Sol, saudoso e em pranto,
Inda as procuro pelo céu deserto.

Direis agora: “Tresloucado-amigo!
Que conversas com elas? Que sentido
Têm o que dizem, quando estão contigo?”

E eu vos direi: “Amai para entendê-las!
Pois só quem ama pode ter ouvido
Capaz de ouvir e entender estrelas.”






Olavo Bilac.

Soneto Pós Morte




Desejo mais que tudo que queimem
Meu corpo após nosso despedir.
Na Natureza me quero sentir,
O vento no pó, à brisa me levem.

Nas flores, no mar quero existir.
Sentindo o desejo bem, me esperem;
Num fim de tarde sombrio me velem.
Com uma parte de ti vou me fundir.

Depois procurem onde emergir
E, bons votos, sempre, me desejem;
De alguns corações hei, um dia, de partir.

Lembrem: continuo sem nada fingir,
Nem com as lágrimas me flagelem
Voltem ao mar, ao ar para me sentir.






Amauri Morais.

sexta-feira, 9 de abril de 2010

Hoje




Hoje
Só preciso
Dormir
Para
Poder Sonhar






Morais Oliveira.

quinta-feira, 8 de abril de 2010

Soneto à variedade do Amor I.



Quantas maneiras existem de amar?
Esse ter sem ter, ganhar e ceder!
Fogo, gelo, faz coração arder;
Mesmo acordado te faz sonhar.

Há o sombrio que traz diverso sofrer.
Por melhor que seja há de penar;
Por pior que és vai querer humilhar;
Ou fiel sendo vai se perverter.

Há também o solidário querer.
Tendo o seu coração sempre a emprestar
A quem necessita sempre de amar!

E existe os que amam, só querem amar.
Tremem, riem quando ele parecer;
E amam sempre sonhando seu amor ver!




Amauri Jr.

Perder-te




Arde coração selvagem.
Sem o Amor que te arde os sonhos,
Quanta dor deflora o peito.
Banho-me de lágrimas em meu leito;
Pranto que desata em fé,
Ainda há de haver outro amanhã.
Ter-te no meu colo, velando teu sono,
Não tem abandono, pois se não existisses
Perderia meu juízo, meu encanto;
Meu olhar embasaria tal qual ao de um morto.
Perderia minh’alma, sem calma;
Meu nexo refugiar-me-ia no recanto
Onde o choro é o canto;
O bendito nem sempre é Santo.
Sofrer seria pouco para o aperto que me consumiria.
E até meu espírito, sem jeito, sem noção
Entraria em infinda, profunda depressão.





Amauri Jr.

"Fim de Semana"




Nem sei o que faço
Com este cansaço
Que vem me vencer

Sorriso no espaço
Mesmo fora de compasso
Pois meu amor, eu não posso ver

O olhar torto e opaco
Corpo, mais alma, fraco
E o beijo que estou a querer





Amauri Jr.

Platônico.





Asas ao meu amor
Singelo;
Mas não revelo,
E sempre, da amada
Zelo, velo.






Amauri Jr.

segunda-feira, 5 de abril de 2010

5 de Abril
















          Hoje, quando me vi perdido no meio deste emaranhado de pedras sobrepostas lembrei-me de tudo que tenho vontade de fazer, mas peco teimando em desistir; tudo por medo e vergonha de qualquer taxação de uma sociedade pervertida. Não posso nem sair correndo na chuva, aparando água com a boca, e convidar meus amigos a me acompanharem, até porque duvido muito de que algum deles me acompanhasse.
          Não me deixam sonhar acordado; como eu quero ver o sol amanhecer no meu sonho. Mas proíbem-me. Nem sequer de noite posso sonhar de verdade, nem dá tempo; dormir de madrugada, estudando, acordar cedo para ir entregar os benditos trabalhos. Pelo menos é por uma coisa que gosto, assim é uma das fugas que encontro para não ver mortes em noticiários da televisão, inclusive eu detesto todo tipo de noticiário. Muita camuflagem, sensacionalismo, eles fazem a gente ver a noticia de sua maneira.
          E ainda separaram-me de meu amor por onze quilômetros. Malditos onze quilômetros. Tenho de ficar em casa na semana, e isso me impede de transbordar no seu toque, e sentir feliz ao menos uma vez; mas até disto me proíbem. Restringem-me ao final de semana apenas e só. Aproveito o máximo que posso. Mas o tempo é meu inimigo mais mordaz.
          Que sociedade cretina, e de merda é esta que vivemos? Faça isso se quiser crescer. Leia isso se quiser saber. Que se danem, nem quero saber do que querem que eu saiba. Eu sei o que eu quero, leio o que quero, faço o quero. E assisto o que quero.
          Não inventem nada, eu vivo em outro mundo; imagino outras coisas, que não são as de vocês. Então me vejam e esqueçam que existo é um favor que me fazem. Dormem enquanto estou acordado sonhando de olhos abertos mais uma vez. 






Amauri Morais.

domingo, 4 de abril de 2010

Seja o que queres!


















Não penses quanto somos pequenos,
Ou de que é feito nosso espírito.
Pensar como garotos é uma saída vã
De tudo que se passa em sonhos torturados.

Não ouça quem muito fala de tudo;
Somos tão pobres intelectualmente,
Não vale a pena receber conselhos alheios;
Nem chorar por dor da qual, tu, não tivestes culpa.

Faça como quiseres és o que és,
Nunca o que pensam que és.
Por tanto não finja, é feio e desonesto,
Além de ser doentio demais para um humano.

Não chores de arrependimento, ou mágoa.
Ser feliz custa muito, e poucos o são.
Viva seu futuro, olhando o presente,
E aprendendo o bastante com o passado.


                                                          

Amauri Morais.

Sujo




.

Nesta
Sociedade
Repleta de sonhos
Nojentos
É muito mais fácil
Ser um fraco

!

                                                              

  Amauri Morais.

sexta-feira, 2 de abril de 2010

Salvador!



Eu não sou cordeiro
De uma só Palavra
Sou cordeiro de Salvação
Cordeiro que deu a vida
Para pessoas viverem mais do que eu
Para que me amassem
Adorassem-me
Não para usarem meu nome
Ganhar comigo e meu pai!
Só há Salvação por mim
E não por mais intermediários
Por tanto Me amem!

                                                                                        


Amauri Morais.