domingo, 24 de abril de 2011

A vós correndo vou, braços sagrados
























 A vós correndo vou, braços sagrados,
 Nessa cruz sacrossanta descobertos,
 Que, para receber-me, estais abertos,
 E, por não castigar-me, estais cravados.

 A vós, divinos olhos, eclipsados
 De tanto sangue e lágrimas abertos,
 Pois, para perdoar-me, estais despertos,
 E, por não condenar-me, estais fechados.

 A vós, pregados pés, por não deixar-me,
 A vós, sangue vertido, para ungir-me,
 A vós, cabeça baixa p‘ra chamar-me.

 A vós, lado patente, quero unir-me,
 A vós, cravos preciosos, quero atar-me,
 Para ficar unido, atado e firme.










Gregório de Matos.

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