sexta-feira, 22 de abril de 2011

Diário de um brasileiro (des) marginalizado.










Três anos depois...
           

Não é fácil organizar movimentos de protesto, no duro. A gente tem que correr atrás de um monte de pessoas e, na maioria das vezes, poucas pessoas querem ir. Eu gasto todo o meu tempo livre fazendo estes movimentos pacíficos de protesto. O que mais desanima é que não tem muitos resultados. Além de a gente apanhar pra caralho daquele bando de filho da puta da polícia. Aquele bando de pau mandado não muda nunca, sempre estão a serviço do “bem comum,” se é que me entendem.
Eu conheci um cara bem legal e tudo, fora de brincadeira. Ele é meio metido à intelectual e estas coisas aí. O nome dele é Maurício. Ele me deu a droga de um... Não eu não acho que livros sejam mais drogas, isto mesmo, ele me deu um livro para ler. Antigamente eu ia dizer, com certeza: ele me deu a droga de um livro para ler, mas hoje não penso mais assim. Os livros são instrumentos capazes de transmitir informações necessárias, tem outras formas, é claro, mas o livro é uma das mais confiáveis. Bom como eu ia dizendo, o Maurício me deu um livro sobre a história do Che Guevara. Eu procuro me espelhar no que aquele homem fez, mesmo sabendo das dificuldades para se fazer o mesmo aqui no Brasil.
O Maurício me apóia bastante em minhas manifestações. Mas é difícil aguentar bala de borracha e gás de efeito moral em toda movimento. Mas ele me dá forças e eu não desisto mesmo. O meu amigo intelectual me disse uma coisa sensacional, ele disse umas palavras bonitas e tudo: “Tudo quanto é vivo carrega em suas costas a morte!” ele me explicou o sentido disto. Maurício quis dizer que tudo que começa um dia acaba. Eu acho que aquele bando de safados, eles mesmo: policiais, juízes, promotores, deputados, senadores, governadores; eu acho que esta corja pensa que vão continuar com esta corrupção e tráfico para sempre. Eu estava pensando em escrever uma carta para eles dizendo a frase do Maurício. Mas eu não tenho o endereço deles; podia mandar um e-mail, mas não tenho computador e o meu dinheiro não dá pra eu acessar nem meia hora numa lan house.
Outro dia fomos fazer um protesto pra aumentar o salário dos professores. Fomos praticamente massacrados pelos filhos da puta dos policiais. O engraçado é que o trabalhador, aqui no Brasil, ganha um salário miserável, mas as drogas dos deputados e senadores estão sempre querendo aumentar os seus salários e diminuir o salário de vereadores, funcionários públicos aposentados. E os merda destes filhos da puta de legisladores e executores falam sempre em cortar custos. Isso me irrita e acho que deve irritar muito de vocês também. Se eles querem tanto cortar custos por que não diminuem os seus salários?
Outro dia eu fui visitar a mulher de um amigo meu. Este meu amigo estava tentando abrir uma cooperativa de catador de lixo. Os dois primeiros projetos foram desaprovados pela droga do banco. Mas este meu amigo não desistiu. Ele ficou oito anos tentando e só foi conseguir este empréstimo depois que entrou na presidência da república um operário. Este meu amigo foi morto e foi este o motivo da minha visita. O Cláudio, este era o nome do meu amigo, foi reclamar de uma empresa que estava jogando detritos dentro de um rio, onde as crianças costumavam tomar banho e se divertir. Ele foi à imprensa, fez protesto com os moradores. Na primeira oportunidade dois policiais filhos de uma puta mataram o Cláudio. Deram a mesma desculpa de sempre: “Eu tive que atirar, ele estava mirando um revólver pra mim!” arrumaram até um revólver lá. Eles sempre dão o jeito deles.
Sinceramente, eu, José Batalha, não acho que nosso país tenha muita liberdade de expressão não. Ora, aqui você não pode falar nem a verdade que já te mandam pra um buraco, quanto mais falar o que quer. O pior é que algumas emissoras de Televisão (quase unanimidade) estão ao lado destes cretinos. As emissoras se dizem livres, mas na verdade, elas nunca mostram todos os lados da história; maquiam as informações para a gente pensar que quem estão errados são os sem terra, sem teto, sem comida, etc. Sempre quem se fodem nesta merda de país são os pobres. Então como se tem liberdade de expressão em um país em que até a imprensa está comprada pelos corruptos lá do congresso?
Eu o Maurício estamos tentando dá um jeito de trazer algum projeto bacana do Governo Federal pra aqui na comunidade. Mas o negócio é que as merdas dos governadores roubam metade da verba, aí o prefeito vai e rouba a metade do sobrou, o que sobra é aplicada só a metade porque tem as “despesas” para implantar o projeto numa comunidade como a nossa. Uma vez teve uma menina que veio trabalhar aqui. Eu perguntei a ela porque que a merenda dos meninos que deveriam dá para seis meses, dava apenas para duas semanas. Ela me disse um bocado de coisas, mas o que mais me interessou foi quando ela disse: “Aqueles ladrões roubam toda a verba que devia ser aplicada aqui.” Eu gostei das palavras, ela dizia isso com um sentimento de raiva e vontade de justiça.
O meu amigo Maurício me coligou, ou qualquer nome assim, em um partido político aí. Ele disse que vai me candidatar a prefeito desta merda de cidade. Mas eu achei a ideia uma babaquice. Eu nunca que vou ganhar as eleições deste ano.  Mas mesmo assim eu aceitei a proposta dele. O Maurício tem até uns amigos estudantes que estão dispostos a entrar nessa comigo, no duro. Vão fazer um movimento estudantil para me apoiar. Tomara que dê certo mesmo. Afinal, ultimamente andam elegendo até palhaço, digo humorista. Deixa isso pra lá, o que importa agora é a minha campanha. Eu vejo nas portas, do pessoal daqui da comunidade, o meu retrato: José Batalha, A mudança tem que começar. Este foi o slogan que arranjaram pra mim. Foi o pessoal lá do Maurício, achei bonito e tudo, gostei mesmo, não tem frescura, nem nada.
Eu estou aqui em cima do palanque o povo gritando o meu nome. Todos depositam em mim a esperança de ver nossa cidade melhor, com verdadeiras mudanças e melhoras em todas as comunidades carentes. Eu vou fazer tudo, possível e impossível para mudar de verdade este cenário e tudo, no duro. Agora eu não posso mais dizer nada aqui, pois está na hora do meu discurso. Mas eu digo que devemos dá confiança a todos, pois a mudança tem que começar, de verdade, no duro.            












Amauri Morais...

Um comentário:

  1. revoluções começam com ideais que nascem de palavras!

    abraços e bravo!

    do menino-homem

    Jesus te ilumine!

    ResponderExcluir