terça-feira, 5 de janeiro de 2010

E se me renego a falar de amores.


E se renego a falar de amores,
Meu amigo íntimo é o choro.
E que seja feita vossa vontade,
Seduz-me muito mais as dores.

Que sinto ao sentir amor?
Quero muito mais amar,
Do que mesmo ser amado.
Desde que não seja insultado.

O amor, belo e desonesto,
Tamanha amplidão de seus valores,
Posso dizer que o detesto,
Todavia vejo nele flores.

Que ser mais sinistro e carrasco;
Que santo mais ilustre refaz;
Faz do meu coração churrasco;
Ao mesmo instante traz-me paz.

Assassino covarde, irresponsável.
Vem com mil grasejos a me felicitar;
Bate-me, me arranha, vem me rasgar.
Depois se constrói tão amável.

Não te amo amor.
Sinto, ao te ver, até pudor.
Mas sou teu servo,
E acredito que serás eterno.

Mas quanto dura a eternidade?
Doenças e escuridão;
Pragas guerras, sangue, destruição.
Eternidade é sinônimo de enfermidade.






      Amauri Jr.

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